Dirigido e escrito, em 2005, pelo desconhecido Ramin Bahrani (nascido nos USA, mas de origem Iraniana), o drama MAN PUSH CART é uma obra incontestável. Foi selecionada e premiada em diversos festivais independentes de cinema, incluindo o não tão independente assim Festival de Sundance de 2006. Sucesso de crítica e de publico por onde passou. Ainda assim, jamais conseguiu espaço para ser exibido no Brasil. São as forças estranhas agindo de novo. O trailler pode ser saboreado no Ytibe no link http://www.youtube.com/watch?v=kYGZwU11TV4.
O filme retrata com crueza um dia na vida do Pakistanês Ahmad, magistralmente interpretado pelo desconhecido ator Ahmad Razvi (premiado em diversos festivais), quem, aparentemente, foi um astro popular em seu país de origem, sobrevivendo, aos trancos e barrancos, em Nova Iorque como um vendedor ambulante de café e donuts. Donuts são aqueles sonhos de padaria, em versões variadas, repleto de calorias e carbohidratos, que os americanos tranformaram em um vício matinal obrigatório (quem não ouviu falar de Dunkin Donuts? não? joga no google!) e uma senhora máquina de fazer dinheiro.
Ahmad acorda todos os dias de madrugada e puxa, a pé e sempre sozinho, feito um burro sem rabo, uma pesada carrocinha de vendas, dessas que parecem mini-casas (tipo vendedor de cachorro quente podrão aqui no Brasil), pelas áridas, frias e impessoais ruas de Manhattan. Estaciona sempre no mesmo canto, prepara o café sempre do mesmo jeito, aquece o que tem de ser aquecido sempre pelo mesmo procedimento, e espera os demais habitantes da cidade pedir suas porções de café e seus donuts.
Nessa rotina depressiva, Ahmad desfila, com uma autenticidade impressionante, todo o seu estado letárgico de solidão na cidade mais tumultuada do mundo. Poucas vezes no cinema, um filme conseguiu tanto realismo para falar de um assunto tão triste. A solidão de Ahmad é esmagadora. E o contraste com a cidade em si, com sua supostamente movimentada vida passada e os diversos personagens que encontra pela frente, ressalta ainda mais a tristeza da sua sobrevivência atual. Ou seja, Ahmad fugiu de um deserto e se meteu em outro.
Nem o novo amigo (Charles Sandoval), que o reconhece do seu passado de fama e lhe oferece uma oportunidade um tanto quanto questionável, nem a mulher (Leticia Dolera) por quem começa a nutrir um sentimento que ele mesmo custa a crer ser amor, conseguem resgatar Ahmad do seu auto-imposto buraco sem saída. Absolutamente tudo parece não convergir para uma saída feliz para a sua desistência de lutar por uma vida melhor. Seu comporatmento, ao mesmo tempo conformista e revoltado, aparenta alguem completamente derrotado e sem esperanças.
Isso tudo pode parecer extremamente deprimente. E é. O filme é um drama pesado, com certeza, mas longe de ser entediante. Mas, a forma de filmar de Razvi e as atuações do elenco garantem a atenção do espectador do principio ao fim. Independente do clima de desesperança que emoldura a história, sempre fica a impressão que Ahmad encontrará o caminho para sua volta ao mundo dos vivos. É ver para crer. Ao final, o filme fica na memória com uma música marcante. Confira.
Isso tudo pode parecer extremamente deprimente. E é. O filme é um drama pesado, com certeza, mas longe de ser entediante. Mas, a forma de filmar de Razvi e as atuações do elenco garantem a atenção do espectador do principio ao fim. Independente do clima de desesperança que emoldura a história, sempre fica a impressão que Ahmad encontrará o caminho para sua volta ao mundo dos vivos. É ver para crer. Ao final, o filme fica na memória com uma música marcante. Confira.
E LEIA ANTES aqui, ou voce nunca vai saber de MAN PUSH CART, uma pequena obra prima que nunca chegou e nem vai chegar (estou dando uma de vidente aqui) as telas nacionais... são as tais forças estranhas! Ah sim, voce talvez saia do filme precisando de uma sessão extra de psicoterapia... Não se incomode com isso, pois os planos de saúde e o SUS já aceitam esse tipo de consulta...
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