Devido ao post anterior, alguns leitores (não sabia que tinha mais de 3! Uau!) enviaram mensagens pouco amigáveis, me acusando de gostar demais do bizarro, de sangue e esquisitices. Nada disso. Erraram. Curto cinema do bom e prefiro sempre abordar filmes que nunca chegam as nossas telas ou são refilmagens de originais amaldiçoados por forças estranhas.
Para provar que também gosto de dramas e romances competentes, eis aqui uma abordagem do filme BELLA (2007), dirigido e escrito para a tela pelo mexicano Alejandro Gomez Monteverde, cujo trailler pode ser visto no site http://www.bellamoviesite.com/.
BELLA é um dos melhores filmes que assisti este ano. É uma mensagem tão humana que somente uma pedra de gelo não se emocionaria com o desfecho eletrizante da trama. Sim, eu chorei. Confesso. Vai encarar?
É dificil falar de BELLA sem entregar algumas surpresas do filme - e são muitas. Estou pisando em gelo fino aqui. Um jogador de futebol milionário (Eduardo Verastegui) é profundamente afetado por um incidente, de consequências trágicas, que coloca um término abrupto em sua carreira nos gramados, e joga sua vida numa eterna depressão crônica como chef no restaurante de seu irmão cabeçudo. Em paralelo, uma garçonete do mesmo restaurante (Tammy Blanchard, numa interpretação brilhante e, talvez, a melhor que tenha visto nos ultimos anos) descobre algo sobre si mesma que simplesmente atira sua vida ladeira abaixo. Quando, acidentalmente, seus caminhos se cruzam, é iniciado um processo de aprendizado humano reparador e inesquecível, transformando para sempre a vida de ambos.
A bela (sem trocadilho, please) tese defendida aqui é que somos todos parte de um todo. A ação de cada um em suas vidas individuais influencia diretamente na ação da vida de todos. Nossos erros e acertos afetam a vida de outros. Os erros e acertos dos outros afetam as nossas vidas.
BELLA é a história de como a desgraça de um pode servir de plataforma para a redenção de outro ser humano e vice-versa. Nada em nossas vidas acontece por acaso, nada é para sempre e todo acontecimento que julgamos ruim é, na verdade, uma oportunidade redentora para alguem no mundo. E chega se não vou acabar entregando a coisa toda.
O elenco é afiadíssimo e consiste na fortaleza máxima do filme. O excelente roteiro restringe a ação a apenas um dia, induzindo o espectador a acreditar que não se precisa muito tempo na vida para se aprender o que realmente importa. A direção é de uma felicidade só, mesclando passado e presente de modo a causar frequentes surpresas e reviravoltas inesperadas na trama, mantendo a atenção do espectador do principio ao fim. A emocionante trilha sonora de Stephen Altman embala tudo isso de forma a emocionar.
O filme é repleto de cenas inesquecíveis. Em particular, os closes destacam a maravilhosa interpretação de Tammy Blanchard (guardem esse nome), fazendo de sua Nina uma mulher sofrida, amargurada, que não vê uma saída digna da crise em que se meteu por pura inocência de acreditar que no amor tudo vale a pena. É cada expressão facial, cada fala e cada olhar de cair o queixo. Onde é que foram encontrar essa atriz? No novelão americano de TV aberta "The Guiding Light"! Sério. Lá mesmo. O que prova que existe esperança para as novelas de TV.
O filme ganhou merecidamente o Festival de Toronto, Canadá, em 2006. Foi eleito o melhor filme pela escolha do publico, surpreendendo os críticos e o próprio diretor. E sem maiores verbas alocadas para Marketing do filme, a LIONGATES (distribuidora) errou feio ao não fazer lobby para entrar na corrida do cobiçado Oscar com essa obra. O boca a boca nos USA fez de BELLA uma dos mais rentáveis da história do cinema independente. Já no Brasil...
E LEIA ANTES aqui, ou voce nunca vai saber de BELLA e cair na cilada de assitir qualquer chorumela desses que aterrisam nas telas do Brasil a mando das forças misteriosas (video post anterior)... e não se esqueça do lenço. Se voce não chorar no final, preocupe-se... provavelmente voce precisa fazer um teste de humanidade URGENTE!
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