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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Carioca, Mengão, fã de mergulho, mtb, bungee, rock alternativo, cinema, ilhas remotas, mar, sol, chocolate, P2P e idéias revolucionárias. Já tentou surfar. Mar e board atrapalharam muito. Desistiu. Dogma não é com ele. Iconoclasta. Incansável oponente das Forças Estranhas que atrasam a vida de todos. Longa vida ao THE PIRATE BAY e tudo o que ele representa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Voce curte filme Portugues? É. Da terrinha... Não? É porque nunca ouviu falar de CALL GIRL...

Filme portugues que não seja de Manoel Oliveira é dificil de aparecer por aqui. Falou em cinema portugues, lá vem Manoel Oliveira na conversa. Bem, o homem fez 100 anos outro dia e, cá entre nós, ou concordamos que o cinema portugues está para morrer, ou arrumamos outros diretores do cinema luso para fazer parte de nossas conversas.

Quando voce pensou que a 1a opção iria vencer, surge algo na tela que simplesmente te arrebata, surpreende e encanta, fazendo com que a 2a opção seja a vencedora. O thriller político CALL GIRL, de 2007, dirigido por Antonio Pedro Vasconcelos, vindo de Portugal, foi um algo desses. O trailler pode ser visto no link http://www.youtube.com/watch?v=7G3erpUu6S8 .

Não saberia destacar o que é melhor em CALL GIRL. O elenco é tão bom que nos faz pensar porque raios não se faz mais cinema de qualidade em Portugal. A direção é algo de fazer orgulho a Alffed Hitchcock e Brian de Palma - sim, é um thriller dramático cheio de erotismo. Fotografia de primeira. A música embala a trama como se fizesse um bebe ninar. E que trama! O roteiro é daqueles que faz voce grudar a retina na tela do principio ao fim, esquecendo, inclusive, aquela tradicional vontade de ir ao banheiro no meio da fita. Se tivesse de destacar algo seria o mérito de quem quer que seja em reunir isso tudo e realizar uma das mais instigantes obras do cinema em anos.

A trama, bastante atual, envolve um ardil político de poder, dinheiro e corrupção, que move a ganância de um empresário (o sempre competente Joaquim de Almeida), a tara de um detetive não correspondido na sua paixão arrasadora (o excelente Ivo Canelas), a patética vida de (mal) casado de um político de meia idade (Nicolau Breyner, incomparável) e os poderes de sedução de uma prostituta de luxo simplesmente estonteante (a cargo da beleza fatal de Soraia Chaves). Esses ingredientes todos são jogados num rodamoinho de suspense, artimanhas, reviravoltas, traição, ambição, sexo, pornografia e violência. A mistura surpreende.


Em primeiro lugar, a beleza sedutora da atriz Soraia Chavez define o tom do filme. Ardilosa e cheia de tramóias, Maria, a prostituta, vai causar uma vontade enorme de transar em qualquer um que esteja vivo. A mulher é gostosa mesmo e pronto. É gostosa quando anda, É gostosa quando fala. É gostosa quando simplesmente empresta seu rosto ao diálogo dos outros atores.
Quando seduz o político Carlos Meirelles perguntando se alguma mulher já tinha se masturbado só para ele, o que acontece depois é ver para crer. Só adianto que o ator Nicolau Breyner, cuja reação a pergunta é antológica, deve ter tido problemas sérios em evitar uma ereção. Quando o político pergunta à Maria o que faz na vida, ela responde um "Tudo" tão malicioso que nada fica faltando na sua curta resposta. "Olha como fico toda molhada..." é uma fala de Maria que o espectador vai sentir a umidade.

As cenas de sexo entre o detetive que deseja desesperadamente a prostituta e essa que o despreza e o quer a todo instante são quentes... muito quentes. Estou falando de pegar fogo no filme, no cinema e na cidade onde está localizado o cinema. É coisa para se assistir com um extintor ao lado ou, pelo menos, uma licença do Corpo de Bombeiros.
A direção de Antonio Pedro Vasconcelos, já tarimbado, faz lembrar o melhor de Hitchcock (Vertigo, por exemplo). Mas, mesmo assim, mantém um que de originalidade uma vez que a excelência da trama possibilita inúmeras situações cênicas a serem exploradas. Suas cenas de perseguição são tão alinhadas com a dinâmica dos diálogos que quando apenas dois atores estão somente dialogando na tela, em close, a impressão que se tem é que está ocorrendo uma perseguição. É um dos trunfos do filme e responsável por manter os espectadores advinhando o final até o seu derradeiro fim.

E que final. Bem, no final acontece o seguinte: a prostituta... não, né? O final voce descobre quando assistir a CALL GIRL.


O filme arrebatou alguns prêmios em Portugal. Também foi exibido na Mostra de Cinema do Rio e São Paulo em 2008 (acho que foi 2008). A crítica brasilieira curtiu o filme, pois me recordo de resenhas bastante positivas nos jornais do Rio e São Paulo. Não me lembro se as forças estranhas impediram o filme de ser exibido comercialmente no Brasil. De qualquer forma, foi lançado em DVD e em P2P (sim, P2P... leia os posts abaixo). Não tenho noticias de produtoras americanas envolvidas em remakes (ufa!) - esses caras estão muito voltados para o mercado asiático hoje em dia.

E LEIA ANTES aqui, ou voce vai ver o filme portugues CALL GIRL em cartaz e pensar que foi dirigido pelo Manoel Oliveira... Não acho que alguem que completou 100 anos de idade sobreviveria depois de dirigir Soraia Chavez, especialmente, como veio ao mundo, libidinosa que só ela, e em intensa interelação carnal com Ivo Canelas... Ah sim, boa transa...

Um comentário:

ClaudioMenezes disse...

Caraca Migué!
Seu texto tá cada dia melhor. Vou sempre me orgulhar de te perturbar prá você virar blogueiro.
Parabéns!!!!