Michael Cimino (foto acima) estreou em 1974 com uma comédia muito da xinfrin chamada THUNDERBOLT and LIGHTFOOT (nem queira saber do que se trata, please). Contudo, sua grande estréia mesmo, aquela que prometia o nascimento de uma estrela na direção, aconteceu em 1978 com um drama brilhante sobre a guerra do Vietnam chamado THE DEER HUNTER (http://www.imdb.com/title/tt0077416/combined).
E esse filme veio em 1980. HEAVEN´S GATE (http://www.imdb.com/title/tt0080855/), título nefasto, arrasou com o studio que o produziu. A United Artists registrou sua ruína financeira com esta bomba. Imagine um filme chato. OK? Esse é bem mais. É um western longo (mas muuuuuuito longo) sobre uma disputa de terras no estado de Wyoming em 1890 que realmente ocorreu. Custou o equivalente a US$120 milhões em 2006 e fez o equivalente a US$ 3 milhões nos USA. Bomba. Baú sem alça - e cheio.
Bem, vamos colocar a coisa da seguinte forma: se o filme retratou bem o que historicamente ocorreu na época, os verdadeiros protagonistas do fato histórico devem ter morrido de tédio. Mas, faleceram, todos, muito elegantemente bem vestidos, inseridos em cenários milionários (a famosa cena do casamento dizem que custou uma fábula) e acompanhados de cast estrelar.
Cimino esperou mais de 3 anos para dirigir seu próximo filme. THE DESPERATE HOURS (http://www.imdb.com/title/tt0099409/), um remake eficiente (!) de um clássico de 1955 sobre presidiários em fuga e familia modelo sequestrada, estrelou - advinhou - Mickey Rourke e Anthony Hopkins (ele mesmo, o canibal). Amargando mais 6 anos de absolutamente nada para dirigir, em 1996, apareceu com THE SUNCHASER (http://www.imdb.com/title/tt0117781/), uma coisa insuportável sobre um sequestro de tons edificantes e Woody Harrelson na frente. Em 2009, 12 anos depois, reza a lenda que Cimino irá lançar MAN´S FATE, sobre europeus na Shangai de 1923. Ok. Vamos desejar boa sorte ao homem. Afinal, sempre haverá esperança para quem um dia dirigiu THE DEER HUNTER.
Um antônimo de Michael Cimino chama-se Danny Boyle. Esculpido na TV britânica, Boyle é um diretor que arrisca. Sua estréia causou impacto. E impacto ele vem causando desde então. O excelente filme de suspense (?) SHALLOW GRAVE (obtenha mais informações no link http://www.imdb.com/title/tt0111149/), de 1995, deixou crítica e publico de boca aberta. A bem humorada, irônica história macabra de 3 amigos que, morando juntos num ap em Londres, resolvem alugar mais uma vaga a um sujeito que acaba aparecendo morto com uma mala cheia de dinheiro, revelou ao mundo um diretor antenado com o comportamento humano de seu tempo.
Com performances imbatíveis por um elenco afiado, até então desconhecido, incluindo um promissor ator de nome Ewan McGregor (fez vários filmes com Boyle), Danny Boyle narrou com estilo renovador e precisão cirúrgica uma saraivada de traições, equívocos e inesperadas reviravoltas entre os supostos amigos inseparáveis, submetendo a hipócrita sociedade do "o que importa é rapidamente se dar bem, não interessa o custo" a um exame microscópico sobre ética, amizade, lealde e autruismo nos tempos de hoje. E foi mazela para tudo o que é lado. A série de entrevistas dos pretendentes a tal vaga no apartamento vale por si só uma visita a este filme.
Na época, a imprensa não poupou elogios e anunciou o nascimento de um diretor promissor. E não é que Danny Boyle deu certo! São dele, entre outros, os filmes TRAINSPOTTING (Ewan McGregor as voltas com drogas pesadas, na cena antológica do mergulho na privada, numa Londres marginalizada), A LIFE LESS ORDINARY (Ewan McGregor as voltas com o sequestro hilário de Cameron Diaz), THE BEACH (DiCaprio perdido no paraíso), 28 DAYS LATER (zumbis mandando ver no fim do mundo em Londres), MILLIONS (sobre um guri inspirado que acha milhões de libras dias antes da virada para o euro) e SUNSHINE (curioso exercício de ficção científica sobre o Sol acabando com tudo).
A maioria (se não todos) dos filmes de Boyle se destaca pelos seus roteiros. A parceria com o escritor John Hodge começou no filme de estréia e durou até THE BEACH. São roteiros inovadores, cheios de comentários sociais sobre o nosso tempo e o comportamente pouco elogiável da humanidade que o povoa, onde cenas completamente silenciosas (e isso é muito comum nos filmes de Boyle) traduzem milhares de palavras em texto. A partir de THE BEACH, filme caro, com externas complicadas nas praias paradisíacas da Tailândia, e que não correspondeu aos seus altos custos na bilheteria, John Hodge seguiu caminhos diferentes de Boyle. Uma pena.
O fato pop que rege a trama é o sucesso de Jamal, um adolescente de origens muito humildes, egresso das piores concentrações de pobreza da Índia, quando se torna finalista de um jogo televisivo de perguntas e respostas muito popular no país. Respondendo, de modo surpreendente e preconceituoso para todos, corretamente as respostas do apresentador, Jamal ganha uma fortuna. Contudo, seu interesse é na bela Latika, paixão desde os tempos de moleque. E por ela, Jamal coloca em jogo sua vida e seus milhões.
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