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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Carioca, Mengão, fã de mergulho, mtb, bungee, rock alternativo, cinema, ilhas remotas, mar, sol, chocolate, P2P e idéias revolucionárias. Já tentou surfar. Mar e board atrapalharam muito. Desistiu. Dogma não é com ele. Iconoclasta. Incansável oponente das Forças Estranhas que atrasam a vida de todos. Longa vida ao THE PIRATE BAY e tudo o que ele representa.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Estômago forte? Vai precisar para assistir FEED, THE MACHINE GIRL e FRONTIER(S)

Por alguma estranha razão, forças estranhas impedem alguns filmes de grande sucesso no exterior chegarem nas telonas da terra mãe Brasil salve salve. Alguma força desconhecida, misteriosa age de forma a não deixar esses filmes obter visibilidade fora de suas praças. Essa força também age para que alguns desses filmes ressurjam em forma de refilmagem, agora repleta de atores famosos e budgets virtualmente ilimitados, no restante do mundo. E o dinheiro jorra para os braços dos mesmos...

Esse é o caso com o australiano FEED (http://www.imdb.com/title/tt0445965/), de Brett Leonard, de 2005 ; o japones THE MACHINE GIRL (ou "Kataude mashin gârue" http://www.imdb.com/title/tt1050160/), de Noboru Iguchi,, de 2008; e o francês FRONTIER(S) (sim, é com parênteses mesmo, e pode ser localizado no http://www.imdb.com/title/tt0814685//), de Xavier Gens, de 2007.

Uma das diversas caracteristicas em comum desses 3 filmes é que o espectador deve assisti-los antes de qualquer atividade gastronômica. Sim. Voce leu certo. É fortemente desaconselhável forrar o estômago ANTES de um encontro com uma dessas 3 obras do cinema de horror. Bem, voce foi avisado.

FEED chegou de surpresa. Com elenco desconhecido e uma temática polêmica, este filme lida com a prática de "feedism" - um fetiche onde alguem alimenta outra pessoa compulsoriamente sem parar, assistindo-a engordar a proporções inimagináveis e, eventualmente, morrer. O roteiro envolve um policial australiano, amante do sexo bizarro com a sua namorada, que, ao investigar crimes na Internet, descobre, nos USA, um site que se propõe a abrir uma banca de apostas sobre a data e hora da morte de uma mulher que está sendo compulsoriamente super-alimentada pelo seu amante e guardião.

Com tons de libertação feminina, uma vez que prega a máxima que uma mulher excessivamente obesa (estamos falando de 300kg plus aqui) está livre de amarras do culto a figura feminina magra e esbelta do mundo atual, o filme cavalga uma trilha crescente de suspense e horror enervantes, com direito a cenas de masturbação, sexo bizarro, toneladas de hamburger e ketchup, injeções de banha humana e muito, mas muito sangue com gordura. Não é para a visão de muitos tudo isso.

Independente da escatologia presente do principio ao fim, o filme é um thriller de horror excelente, com um elenco afiado (Alex O´Loughling e Patrick Thompson a frente) e um roteiro bem amarrado, que flui seguro, tirando o ar do ambiente a medida que o tempo passa. O final é estarrecedor, conferindo a todos os personagens, sem exceção, uma antipatia latente. Vale a pena conferir - só não coma antes!

THE MACHINE GIRL é algo inacreditável. É ver para crer. A conta do sangue gasto neste filme deve ter sido alta. Uma colegial calma e pacata, que cuida de seu irmão mais novo após o suicidio do pai, simplesmente vira uma máquina de matar depois que sua familia é morta por um clã de ninja-yakuza. Torturada e humilhada, a colegial (com direito a uniforme de escola primária e tudo o mais) substitui um braço decepado por uma metralhadora de alto impacto (entre outras coisas) e sai atirando sem parar em tudo e todos que vê pela frente.

O sangue neste aqui esguicha feito um hidrante quebrado. São cenas de violência filmadas em excesso, e com tanta maestria, que o exagero de cada morte (e tem é morte nisso aqui) acaba virando uma aula de edição. São inúmeras cabeças decepadas, sem falar em braços, pernas, olhos, linguas, mãos, etc.; são cenas de tortura e sadismo; matanças envolvendo crianças e pais; cenas prolongadas de matanças mescladas com luta marcial; membros do corpo esmigalhados a tiros; etc.

Tudo é tão over que a comicidade brota das cenas mais violentas do filme, fazendo-as memoráveis apanhados de humor negro. Em certo momento, a tal colegial tem seu braço decepado por seu torturador, que escorrega, sem querer, no chão molhado. Ao ver seu "erro", o torturador fala: "Desculpas.". E a tortura continua.

O fundo musical é algo que nos remete aos piores seriados japoneses de TV. É um ting-ling-ling de elevador ou sala de espera que, embalado pelas imagens histrionicamente violentas, confere ao filme uma roupagem trash inesquecível. As caras e bocas dos "atores" vale uma conferida per si.

Quentin Tarantino, em seu KILL BILL 1 e 2, deveria ter se inspirado nesse filme. Digo "deveria" uma vez que THE MACHINE GIRL foi lançado em 2008 e KILL BILL foi em 2003, volume 1, e 2004, volume 2. Ou seja, Tarantino deve ter roubado antecipadamente o script de THE MACHNE GIRL ou algo assim...

FRONTIER(S) veio da nova escola de cinema francês de alto teor de choque. Com tons de crítica social à condição humana dos imigrantes da Europa de hoje em dia, o diretor-roteirista Xavier Gens tece uma estória de horror de virar o estômago de qualquer um.

Após um grupo de imigrantes muçulmanos escapar da policia em uma violenta manisfestação em Paris, onde ocorria um protesto contra a eleição de um candidato conservador à presidência da França, todos vão se abrigar em uma pousada dirigida por uma familia disfuncional de... neo-nazistas. E neo-nazistas saudosos...

O que segue é um jogo de gato-e-rato sanguinolento, onde os visitantes incautos tentam escapar de morte certa nas mãos de personagens altamente pertubados... e pertubadores. São tiros desfaceladores, banhos de sangue, um inusitado caso de amor, torturas, dominações, etc etc etc... É do tipo: quando voce pensa que nada pode piorar, vem uma cena e prova o contrário - isso acontece do principio ao fim do filme. Tem uma cena envolvendo uma serra elétrica que vou te contar... Uau!

O filme é bom? É excelente. A Fotografia é de primeira, criando uma atmosfera horrorífica dificil de confortar a retina. As interpretações são exageradas propositalmente, compondo personagens dos quais se tem medo mesmo. O roteiro nunca cai na obviedade, e depois de 30-45 min de drama, após o início da matança, apresenta reviravoltas inesperadas , um susto a cada minuto e um sadismo sanguinário inquietante.

Tudo isso ainda acha espaço para compor uma analogia curiosa sobre a Europa atual em confronto com o horror de seu mais nefasto passado, com a violência ilimitada do seu presente e com a inevitável perspectiva de épicos conflitos sangrentos na multi-etinia de seu futuro.

FEED, THE MACHINE GIRL e FRONTIER(S) ainda não acharam o caminho para as telas brasilieras. Por que será? Não ouvi falar ainda de produções americanas refilmando nenhum desses filmes. Como não frequento locadoras de DVD (o que será isso?), não sei se foram lançados no Brasil em video. Contudo, informo aos Internautas que estão todos armazenados no meio "físico" chamado P2P (vide post anterior). É só procurar lá. Entenderam?

E LEIA ANTES aqui, ou voce nunca vai ficar sabendo onde encontrar excelentes filmes de horror inéditos, que nunca chegam as nossas telas, e cair na cilada de se contentar com o que forças misteriosas decidem lançar em seu nome...Ah, sim, não se esqueça do sal de frutas!

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